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Com Botafogo e Cruzeiro por R$ 400 milhões, especialistas explicam o que define valor de clubes na SAF
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Por FogãoNET
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Nas últimas semanas, o futebol brasileiro foi sacudido com as notícias das chegadas de investidores no Cruzeiro, que aderiu à Sociedade Anônima do Futebol (SAF), e Botafogo, que vive processo de transformação do seu futebol em empresa. Pelas primeiras informações, os investimentos que serão feitos por Ronaldo (no time mineiro) e pelo americano John Textor (no alvinegro) são da ordem de R$ 400 milhões ao longo dos anos por 90% do futebol. Mas tais cifras suscitaram a dúvida: como agremiações e investidores definem quanto custa um clube?
A conta está longe de ser simples. Primeiro por que a avaliação do valor de um clube pouco se assemelha com a de outras indústrias. As idiossincrasias do esporte não permitem cálculos certeiros ou modelos únicos. Mas é claro que há critérios objetivos que vêm sendo utilizados pelo mundo, como nas principais ligas europeias, que estão anos à frente do Brasil quando o assunto é clube-empresa.
O principal deles, segundo especialistas, é o chamado múltiplos de receita recorrente. Ou seja, quanto o clube arrecada descontados valores variáveis como vendas de jogadores e premiações, entre outros, multiplicado, em média, por dois — número aproximado dos clubes europeus das cinco principais ligas nas transações recentes de aquisições.
Numa conta muito simples, por exemplo, um clube com receita recorrente de R$ 200 milhões teria valor de mercado estimado em R$ 400 milhões.
Cada detalhe importa
Porém, não é apenas isso que entra em jogo. Cada detalhe do histórico do clube conta. Seja a divisão a que pertence no momento, o tamanho da torcida, a projeção de receitas futuras, valor de mercado dos atletas e de desempenho em campo, que determinam mais ou menos receitas diretas.
— Existem algumas métricas para cálculo de valor dos clubes que são largamente usadas em transações societárias, como por exemplo, o fluxo de caixa descontado. Também se considera no futebol a utilização de múltiplos de receita para fins de valoração. Ainda, devido às especificidades do futebol, algumas consultorias podem utilizar outros elementos — afirma Eduardo Carlezzo, especialista em direito desportivo e responsável pela constituição da SAF do Atlético-GO.
Nos casos de Cruzeiro e Botafogo, o valor das dívidas foram mais preponderantes do que o peso da receita em si. Levou-se mais em consideração a possibilidade de crescimento das duas marcas do que a valoração atual. O clube mineiro, por exemplo, teve receita total em 2021 de R$74 milhões. O alvinegro projetou para 2022 R$ 145 milhões.
— Os casos recentes de SAF (Cruzeiro e Botafogo) foram negociações pelo valor da dívida, pois os clubes certamente valem menos do que suas dívidas — diz o economista Cesar Grafietti, especialista em Banking e Gestão e Finanças do Esporte, que ressalta.
— Ainda há muito incerteza sobre o que foi transferido para as SAFs, a responsabilidade de cada parte, como o investidor imagina ganhar dinheiro com os clubes…
Não há cheque único
Nos exemplos de clubes muito endividados, como Botafogo e Cruzeiro, também há diferenças no momento da valoração. Afinal, há dívidas muito piores que outras. O clube mineiro tem valores expressivos de passivos de curto prazo, que o torna mais oneroso para o investidor. Há pagamentos urgentes, como a dívida com a Fifa que o impede de registrar jogadores desde junho deste ano e, futuramente, gerar mais fluxo de caixa. Atualmente, a soma está em R$ 15 milhões e será realizado um aporte inicial por parte de Ronaldo para que a situação seja destravada.
— Guardadas as devidas proporções, a diferença entre adquirir um clube com passivos de curto ou de longo prazo é como se fosse assumir uma dívida de cheque especial (juros muito altos e necessidade de pagamento imediato para não fazer crescer a dívida) ou um financiamento imobiliário a ser pago em anos, com um fluxo de dinheiro definido que cabe no orçamento — diz o executivo Pedro Daniel, da EY.
Qualquer que seja o modelo utilizado na precificação do clube, um fato que não há um “cheque único” dado pelos investidores, como explica Pedro Daniel:
— As formas de aporte de dinheiro estarão bem definidas no acordo. Há algumas obrigações na SAF, como o concurso de credores (20% da receita tem de estar destinada ao pagamento dessas dívidas). Mas nenhum investidor vai colocar R$ 1 bilhão de uma vez. O aporte é feito ao longo do tempo.
Fonte: O Globo Online
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