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Joel Carli elege jogo mais importante e emociona em podcast: ‘Eu amo o Botafogo. Não tem nada mais gratificante que um torcedor agradecido’
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Por FogãoNET
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Coordenador de futebol Joel Carli deu ótima entrevista ao Botafogo PodCast esta semana. Na resenha, o argentino se declarou ao Glorioso, contou detalhes dos quase dez anos de clube e deixou clara a identificação que tem.
Joel Carli relembrou o gol do título carioca em 2018 no Maracanã e, curiosamente, não escolheu esse como seu jogo mais importante no Botafogo. Por todo o contexto, a goleada por 4 a 0 sobre o Vasco, na Série B de 2021, em São Januário, é a partida mais marcante do argentino.
– Tem vezes que paro para pensar e falo alguém escreveu minha carreira antes de eu chegar ao Botafogo. Nesse momento (do gol do título) se falou “Carli está no Botafogo de verdade”. No primeiro jogo, perdemos com gol no final, de Andrés Ríos, meu vizinho, que virou meu amigo. Nesse segundo jogo, com Leo Valencia expulso, faltando poucos minutos, vou falar uma coisa, eu sabia que seríamos campeões. Eu sentia, tinha falado para o meu pai e para o meu empresário. O sentimento era muito forte, mas passavam os minutos, a torcida do Vasco comemorando, Leo Valencia expulso, fui nele, todo mundo falou “fodeu”, eu falei “se apressa para sair que vamos ganhar o jogo”. Termina como terminamos. Era um sentimento muito forte de que seríamos campeões, eu sentia, tinha falado com meu pai. Por isso que no gol parei para comemorar como meu avô andava. Era meu momento. Não ia esquecer do meu pai ali. Falei “pai, vou ser campeão e se fizer gol vou comemorar como andava com meu avô”. Comemorei, depois foi aquela loucura. Quando fomos para os pênaltis, falei “Gatito, me ajuda”. Ele se garante muito, falou “deixa comigo”. Era só confiar no Gatito, porque nossos batedores de pênalti eram muito bons, Brenner, Renatinho, Marcinho, Gilson e Pimpão. A comemoração realmente foi muito linda, no estádio e em General Severiano, marcou esse momento de Carli no Botafogo, consolidou – destacou Carli.
– Não foi o jogo mais importante. Se fazemos um top-3 internamente, esse é o segundo. O primeiro foi na Série B. Quando passei todo esse tempo longe, foi uma frustração imensa, fui demitido em 2020. O clube sempre tem o direito de fazer a escolha. O que sempre fui aqui não aconteceu nesse momento comigo, sempre fui honesto, leal, falava e resolvia, isso não aconteceu quando foi demitido. Fui informado por Marcão, da assessoria de imprensa, que me ligou chorando falando que ia soltar uma nota dizendo que eu estava demitido. Fui demitido por uma nota oficial, quando qualquer um podia me ligar e falar que não contava mais comigo. Eu tinha mais um ano e meio de contrato. Toda a família chorou junto, abraçada. Foi um momento que chorei muito. Se fala muitas coisas lindas do futebol, mas tem tem partes difíceis, duras, ingratas. Poucos atletas conseguem se dar bem e ser muitos felizes. Esse foi o momento mais triste da minha carreira, por como foi. Até duas semanas antes eu estava em campo sendo capitão do time. Depois você entende um pouco de quem toma as decisões e de tudo que aconteceu no ano, aí entende o todo – prosseguiu.
– Fiquei três meses treinando sozinho, na beira de uma rua que tinha um pouco de grama, com meu preparador físico. Estávamos na pandemia. Esperei para ficar no Brasil, optei por voltar para a Argentina, tinham três times, priorizei voltar para a minha cidade pela família. Na Argentina, o campeonato demorou um pouco mais para retomar, dois meses de pré-temporada, imagina para mim que não gostava de treinar, no inverno, minha família aqui no Brasil. Na hora de viajar, minha esposa pega Covid, as crianças não queriam ir embora, por causa de família, amigos, clima bom. Lá na minha cidade era muito frio, o CT era do lado do mar, da praia, inverno com frio e chuva, não podia usar o vestiário na pandemia. Eu falava “meu Deus, o que estou fazendo aqui?” Tinha que trabalhar, jogar futebol. Fui muito feliz, porque a forma que sou aqui sou em todos os lugares, sou muito querido. Foram sete meses, acompanhando e vivendo o Botafogo de lá. Esse ano foi uma vergonha a nível de clube, queimando atletas da base, tendo que colocar a cara, quase rebaixado no primeiro turno. Eu sofria à distância. Conto, não me sinto orgulhoso disso, que meu pai perguntava com quem eu ia jogar no fim de semana, eu não sabia, e sabia com quem o Botafogo ia jogar (risos). Eu “falava pai, não consigo, está dentro de mim”. Chega um dia, no fim de 2020, meu empresário me liga e fala que tinha uma chance de eu voltar, mudou a gestão, Durcesio (Mello) assumiu, (Eduardo) Freeland entrou. Falei “quanto é essa chance?” Não tinha R$ 1 no clube, estavam me devendo grana, falei “vê o que tem, que por mim estou dentro”. “Mas, Carli, é muita grana e ofereceram pouco”. Falei “cara, eu vou voltar”. Voltei por 35%, 40% da dívida, com um salário que era o básico para a Série B. Quando falei com a minha esposa, que ainda estava no Rio, que achava que ia voltar, ela falou “como assim?” Respondi que ia fazer acordo com o clube. “Fala sério, porque isso não é para brincar”. Disse para não comentar com as crianças. Começou a imprensa, minha filha já começou a perguntar, botar pressão, não dependia de mim. Não tinha muito para fazer, não tinha dinheiro, eu tinha aceitado, era só formalizar. A única coisa que pedi para meu empresário não foi nada de número, foi que o presidente me ligasse falando que queria que eu voltasse. Senão eu não voltava. “Dinheiro não ligo, mas quero que o presidente diga que vai contar comigo”. Ele me ligou, falei que estava fechado – continuou.
– Quando cheguei aqui, conheci Freeland, um gestor sensacional. Meus filhos terminaram sabendo pela imprensa. Foi emocionante quando se tornou verdade, eu estava lá (na Argentina), fizemos uma videochamada. Já imaginaram tudo. Falei “vou voltar para o Botafogo”, foi uma felicidade. Tudo que choramos de tristeza choramos de alegria – lembrou.
– O retorno, assim, não foi o que eu esperava dentro de campo com (Marcelo) Chamusca. Falei “pai, vou voltar para o Botafogo”. Ele perguntou em que condição. Falei “grana esquece, não vai ter dinheiro, vou voltar para terminar o que comecei. Sou querido, mas para mim não é o suficiente o que fiz no Botafogo”. Ele comprou a briga. Foi um sentimento… Parece que toda minha história no Botafogo alguém escreveu. No primeiro jogo, treinamos uma semana, Chamusca o técnico, Campeonato Carioca, eu na arquibancada com Gatito, que estava machucado. A defesa não foi muito bem, Gatito falou “se prepara que no próximo jogo você vai parar lá dentro”. Eu já estava na adrenalina de voltar a jogar. Demorou seis meses para voltar a jogar. O treinador não me colocava – comentou.
– Quando voltei, sentia que para terminar de ser o Carli do Botafogo precisava dar algo a mais para o clube. Se conseguisse o acesso, ia me sentir em paz comigo. Mesmo não tendo participado do rebaixamento, sentia que Botafogo não podia estar na Série B e sabia que podia ajudar. Quando cheguei, terminou o Carioca, nenhuma partida, nenhum minuto em campo. Começa a Série B, 14º o Botafogo, foram muitas rodadas. Eu pensava “pô, já não tenho 20, 25 anos, mas ainda tenho um pouco de futebol”. Mas não estava acontecendo. Chamusca tinha colocado todos os atletas em campo, menos Carli. Meu comportamento, apesar de chateado, sempre foi o mesmo, respeitar o companheiro. Ficava puto, mas treinava, trabalhava, torcia, sou torcedor do Botafogo. No primeiro dia que Enderson (Moreira) chega, eu nunca tinha falado com ele, me chama no canto, fala que me conhece por ter enfrentado, que eu tinha uma semana para me preparar porque ia jogar. Chega no jogo com o Confiança em que ele é expulso, falei “esse cara é dos meus, brigou com o árbitro e foi expulso” (risos). Me falou que eu ia jogar, já senti a adrenalina, falei “deixa comigo”. Me coloca para jogar, no primeiro jogo faço um gol. Falo que esse sonho que eu tinha ainda estava vivo. Foi uma campanha incrível com Enderson Moreira. Se me pergunta se o jogo da final foi importante, está no Top-3, mas o Top-1 foi o jogo com o Vasco, de visitante, na Série B. Se o Vasco nos vencesse, diminuiria a distância para quatro pontos e voltaria ao campeonato. Se vencêssemos, deixávamos o Vasco sem chances. Coitados, sempre com o Vasco. E garantiríamos o acesso. Para mim esse jogo foi importante, 4 a 0, atropelamos e decretamos que estávamos garantidos, consolidou o acesso. Por tudo que eu tinha vivido na demissão e na volta, por não jogar, time tão mal, eu voltar, ter essa virada, sermos campeões, com tudo que a torcida tinha sofrido e com a pandemia, chegar na última rodada com a torcida lotando a rua, agradecida… Para mim, não tem nada mais gratificante que um torcedor agradecido. Um torcedor vai ficar feliz quando você ganhar um jogo, um título, um clássico, mas a felicidade no futebol dura até o próximo jogo. O torcedor agradecido não é um momento, é por muitas coisas, você constrói. O torcedor me agradece constantemente na rua. Esse dia tinham 40 mil torcedores agradecendo o que esse time tinha feito. Foi um ano muito marcante por tudo que vivemos – completou.
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Função atual
– Hoje minha função é ser o coordenador, minha rotina passa por acompanhar o grupo, flutuar dentro das áreas, fisioterapia, nutrição, parte social, parte técnica, parte administrativa também, comercial, marketing. Também estamos integrando muito as categorias de base. Trabalho muito perto do Augusto (Oliveira), nosso gerente, espetacular, na forma de ser e de trabalhar. Está nos ajudando e deixando o clube cada vez maior. Fico feliz quando entra um profissional desse nível. Realmente estou feliz, em qualquer função vou sempre me entregar o máximo.
Fama inicial de não treinar bem
– Não fiquei surpreso porque cheguei aqui com 28, 29 anos. Eu na Argentina tinha passado por segunda e terceira divisão, até me consolidar na primeira. Tinham muitos companheiros e treinadores que me falavam que eu tinha que treinar como jogo. Eu mantenho a seriedade e a parte física, mas nunca vou conseguir ir numa disputa de bola, numa dividida como se fosse num rival. Vai que machuque um companheiro, sem ser desleal. Não conseguia mudar. Então todo mundo falava “você é um cara de jogo, não é um cara de treino”. Eu respondia “então me coloca para jogar”.
Chegada ao Botafogo
– Quando começamos a falar, foi no final de 2015, o Botafogo estava na Série B, já bem encaminhado para voltar à Série A. Achei um desafio bem difícil no início, falei para a minha esposa que tinha a proposta, de um clube gigante, que não ia ser fácil. Mas foi um sonho. Sempre corri atrás dessa proposta, jogar em um clube grande, na liga do Brasil, a melhor do América. Quando chegou a proposta e fechamos os números, estava na hora da verdade, agora ia ser comigo. Tanto que quando cheguei, vi tudo, o ambiente, ainda em General Severiano, fiquei apaixonado já no primeiro dia, por como o pessoal me recebeu. Pela torcida me apaixonei foi na apresentação, porque fizemos uma semanas de treino em General Severiano com público, estava bem cheio.
Botafogo SAF
– Para mim, é muito gratificante. Já são oito anos desde que cheguei, passamos muitas coisas, uma grande transformação em 2022, que o clube necessitava muito. Paralelamente, o clube passou por uma demissão de quase 90 funcionários, era muito triste ver pessoas queridas saindo. Quando cheguei, fui bem recebido, ver pessoas com tanta capacidade e qualidade de trabalho, tanto carinho e amor próprio pelo clube, criei e comecei a ter esse amor por essa camisa também. Ver essas pessoas trabalhando hoje em outra realidade do clube é muito gratificante. Além de serem ótimos profissionais, terem esse amor pelo clube, o trabalho é o dobro bem feito.
Capitão
– Me tornei capitão rápido, inclusive para mim foi uma surpresa. Foi quando Jefferson machucou, estava Antônio Lopes, ele falou “o gringo vai ser capitão”. Imagina que hoje eu ainda não falo direito português, imagina com seis meses no Brasil. “Como vou falar no vestiário?” O capitão era o Jefferson, de Seleção Brasileira, superídolo, que responsabilidade. Mas estava tão feliz, tentando aproveitar o momento que falei “vai ser comigo”. Sou muito grato a Antônio Lopes, foi quem conduziu minha chegada aqui, junto com Gustavo Noronha. Muito agradecido pelas pessoas que tratam com carinho e respeito, independentemente do resultado, é o comportamento. Eles foram super homens comigo e vou ser sempre grato.
Chatices internas
– Eu era chato com tudo. Eu era insuportável (risos). Nesse ano estavam Sassá, Bruno Silva, gostavam de funk, eu falava “que música horrorosa”. Depois curtia, hoje estou acostumado. Descíamos do ônibus, eles ligavam a caixa de som, eu falava “não estamos sendo profissionais”, ele desligavam. Quando eu virava, eles ligavam de novo e tipo “foda-se o Carli, chato para caralho” (risos). Era uma caixa de som pequena. Quando fomos para o Equador, não tínhamos muito poder econômico para pedir ao clube algumas coisas, tínhamos um dinheiro nosso, de caixinha, fizemos uma viagem casada, fase boa, prêmios em dia, passamos no shopping, tinha uma caixa de som, falei “Pimpa (Rodrigo Pimpão), essa tem que ser nossa”. Compramos e deixamos no vestiário.Eu reclamava muito da música, depois colocava uma música nossa.
Elenco de 2016 e 2017
– Foram dos melhores grupos que passei, 2016 e 2017. Viramos amigos fora do futebol. Foram anos que realmente foram os melhores da minha carreira. Convivíamos muito no clube e fora do clube. Nossas famílias se tornaram amigas, era muito fácil um aniversário de filho, de esposa ou de atleta reunir todo mundo para comemorar. Quando o grupo encaixa, não só o trabalho, como se relacionam as pessoas, esse ano marcou o Botafogo. Depois de muitos anos voltava a competir a Libertadores, não foi campanha de chegar à final, mas com todas as limitações que tinha nosso elenco demos muita satisfação. O torcedor se sentia honrado com o que fazíamos em campo. Não éramos favoritos, mas fomos eliminados pelo campeão, jogando melhor dentro e fora de casa. Futebol é resultado, nem sempre se dá para controlar, mas esse grupo dava orgulho de ver. Pelo grupo, pelo momento do clube, por a torcida acompanhar do início ao fim. O final não foi o esperado, chegamos em semifinal de Copa do Brasil, quartas da Libertadores, fomos bem no Brasileiro, o grupo sentiu um pouco, não era um elenco de muitos jogadores, mas se perguntar a qualquer torcedor vai sentir honra do que fizemos em campo.
Falar demais em campo
– Eu dizia “Se eu não falo, não jogo, cara”. Eu não era um zagueiro rápido, precisava orientar para encaixar o trabalho. Preciso do zagueiro, do volante, do lateral, encher o saco do juiz, perturbar o adversário.
Amizade com Gatito Fernández
– Gatito chegou em 2017, eu já estava aqui. Na hora que chegou já começamos a concentrar juntos, a dividir quarto, jogar juntos. Encaixamos bem, se tornou uma amizade fora do clube. Nos últimos anos de concentração, tomo remédio para dormir, quando apago apago. Eu tinha dois travesseiros, dormia com iPad, ele tirava o iPad, arrumava o travesseiro, precisava de mim porque no dia seguinte tinha jogo (risos). Ele me arrumava para dormir. É grau de confiança alta, nossas famílias são amigas, curtimos a praia juntos esses dias. É um cara sem palavra, querido, dentro e fora de clube, de seleção, de coração enorme. É um amigo da vida.
– Fizemos um jogo horroroso contra a Portuguesa, fiz um gol contra, ele saiu mal em um escanteio que virou gol. Nos conhecemos há muito tempo, estávamos perdendo de 3 a 1, a torcida queria nos matar, era na transição para a SAF, o time estava mal, o elenco não estava muito forte. Tudo de ruim aconteceu nesse jogo, a única vez que fiz um gol contra. Em um escanteio, que ficamos próximos, olhei para ele e falei “Gatito, todas as cagadas que podíamos cometer já estão feitas”. Ele falou “Fdp, não me faz rir, que vão me mandar embora” (risos). É uma parceria muito forte que temos. É difícil contar o que vivemos, os momentos, mas se a torcida conhecer um pouco vai ver. Sempre entregamos 120% para esse clube, de coração. Gatito ama o clube tanto quanto eu. Quando você consegue compartilhar isso com uma pessoa é fantástico.
Dificuldades em outros tempos
– Em 2018, 2019, era entrar no vestiário e juntar dinheiro porque tinham funcionários realmente passando dificuldades. Tinham atletas que conseguiam resistir a isso, assumindo, clube grande, dar conta do recado em campo. O torcedor entende as dificuldades na semana, de salário atrasado, não ter tempo para treinar, viajar com escala, hotel com cama pequena ou com salão de festa do lado, hoje o Botafogo não passa isso. Com salários em dia, funcionários não passam por essa dificuldade, quem viveu tudo isso vê essas diferenças, desde as coisas básicas. Não é falar mal, eu amo esse clube e me apaixonei pelo que vivi. Mas era muita dificuldade. Não tínhamos sabonete para lavar a roupa. Fui visitar a Eva, encarregada da lavanderia, no estádio, não me lembro o ano, acho que 2017. Um dia encontrei com ela no refeitório, falei “Marcão (assessor de imprensa), quem é essa senhora que está aqui?” “Cara, ela é patrimônio do clube, é a moça da lavanderia. Vamos conhecer a lavanderia?” Fomos. Quando entro, ela fala “sabe quando foi a última pessoa que entrou aqui do futebol? Tem não sei quantos anos que ninguém entra aqui”. “Dona Eva, fala em que condições estamos aqui?” Cara, não vou mentir, se fora estava 40°, lá dentro eram 55º. Era insalubre. Perguntei se com ventilador resolveria, ela disse que ajudaria muito. Chego no vestiário, vários jogadores juntaram dinheiro e mandaram colocar ventilador para Eva. Essas coisas não são faladas. Nosso clube realmente estava em dificuldade. As pessoas não têm noção da transformação da SAF. Voo fretado é fundamental, porque você compete com times que têm essa condição. Nós não tínhamos sabonete, não tínhamos salário. Hoje nosso clube vive outra realidade, fico muito orgulhoso e muito feliz de quem ficou, viveu tudo isso e hoje consegue viver esse momento.
– Sou um cara muito de vestiário, gosto do vestiário, para mim é sagrado, não entra qualquer um. Para quem me vê dentro de campo, não sabe o que sou no clube. Sou um cara que chega, abraça, dá beijo. Com esses caras você passa 24 horas, roupeiros, massagistas, fisioterapeutas, análise. Quando você passa dificuldade e consegue sair, você fica fortalecido. Muito passa por essa união. Víamos dias difíceis na semana, sem dinheiro os problemas são muito grandes. Com dinheiro todo mundo tem problema, imagina sem. No dia do jogo eles puxavam para cima, eram fundamentais. Quando você entra em campo, o torcedor, a imprensa, a tabela, o campeonato não marcam se você está com três meses de salários atrasados. Você tem que ganhar.
Pós-carreira
– Tenho a mentalidade, tento passar para os atletas, que não basta ter vivido vestiário e campo. Você tem que se preparar, que estudar muito. Comecei a me preparar antes de parar. Tenho curso de treinador, de diretor e outros sem tanta repercussão. Fiz questão de me preparar para o futuro. Por isso foi essa sequência de parar a jogar e já começar a trabalhar. Claro que é outro mundo, descobri que é outro mundo. Como capitão sempre me interessei com todas as áreas, em conversar, no clube como um todo. Me preparei, foi consequência de parar de jogar e continuar trabalhando.
Aposentadoria
– Foi difícil. Achei que estava preparado. Faço psicólogo há muitos anos, já vinha preparando o final de carreira. Mas quando chega esse dia, esquece, não tem preparo que te deixe pronto. Desfrutei muito desse último dia da concentração. Estava em paz com o que fiz, porque sempre me entreguei por completo, com consciência que quando parasse não queria reclamar comigo mesmo. Estou superfeliz com a carreira e com os últimos anos, terminei no clube que amo e que minha família se tornou torcedora.
Fonte: Redação FogãoNET e Botafogo TV
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